sábado, 21 de março de 2009


      Da eterna Dor, e da eterna Ira

Temer a morte, fugir à morte!
Sabino Romariz

         Novamente, venho morrer
         a mesma morte insistente.

         É preciso morrer, lentamente,
         me dizem...
         Então eu morro,
         mil vezes, tantas vezes quanto
         as vossas paciências acharem possíveis.

         Mesmo sabendo que essa minha morte,
         assim inútil, a ninguém incomoda,
         eu morrerei ainda mais um pouco...

         E nos momentos funéreos,
         o meu sorriso de escárnio
         (ah, o doce sabor da consciência...)
         fará das minhas mortes, ao menos,
         (já que assim quereis a minha glória)
         acontecimentos bizarros, sublimes, diferentes
...

domingo, 8 de março de 2009


                         Calíope

             Vem, ó Calíope
             como uma mãe afagar estas frontes febris,
             reclinar no seu colo morno nossos cansaços,
             cobrir com o seu manto estas cabeças
             cansadas de sonhar tanto.
             Campos, paisagens, ideais, cânticos.
             Temos sido tantos, e temos vindo
             e morrido tanto, e fracassado tanto.
             Concretos-pop’s-práxis-beat’s-cordéis-caóticos.
             Vem, ó Calíope
             olhai por vossos filhos,
             olhai por nós, olhai por mim...
             E dai-nos delírios,
             para que possamos suportar a dor
             que gera os vossos Cânticos.