quarta-feira, 24 de maio de 2017

Homenagem ao Prof. Wilton Lucena


Necrológio
(Elogio fúnebre)

À memória do prof. Wilton Lisboa Lucena

Creio que foi o teu coração
que em meio a noite desandou
a ressoar em descompasso
– turvando o teu límpido sorriso,
abalando a firmeza dos teus passos.

Repentino, como uma onda que se erguesse
no instante exato em que o cais e a paisagem
esperavam apenas aquela placidez
que no peito trazias costumeiramente.

Então, algo se partiu.
Partiste.
Mas não antes de lutar
(que a tua calma escondia mesmo
a força de um mar):
"Aquieta-te coração!
Nada de estardalhaços.
Silêncio artérias do que sou,
da minha cidade e do meu destino
– eis-me completo".

E quando o silêncio se fez,
em meio a pressa de uma segunda-feira,
teu coração serenou finalmente.
Foste embora.
Porque tudo estava consumado
e nada mais – Deus sabe – era necessário.


Penedo, 23 de maio de 2017.


Francisco Araújo Filho

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Poemas do livro "Folhedo" (Continuação)


                Insônia

                   No meio desta longa noite
                   é preciso deixar
                   todos os sonhos
                   todos os ideais acalentados
                   todos os projetos elevados
                   esvair-se pelos poros
                   – para que pela manhã
                   não acordemos loucos.