Necrológio
(Elogio fúnebre)
À memória do prof. Wilton Lisboa Lucena
Creio
que foi o teu coração
que
em meio a noite desandou
a
ressoar em descompasso
–
turvando o teu límpido sorriso,
abalando
a firmeza dos teus passos.
Repentino,
como uma onda que se erguesse
no
instante exato em que o cais e a paisagem
esperavam
apenas aquela placidez
que
no peito trazias costumeiramente.
Então,
algo se partiu.
Partiste.
Mas
não antes de lutar
(que
a tua calma escondia mesmo
a
força de um mar):
"Aquieta-te
coração!
Nada
de estardalhaços.
Silêncio
artérias do que sou,
da
minha cidade e do meu destino
–
eis-me completo".
E
quando o silêncio se fez,
em
meio a pressa de uma segunda-feira,
teu
coração serenou finalmente.
Foste
embora.
Porque
tudo estava consumado
e
nada mais – Deus sabe – era necessário.
Penedo, 23 de maio de 2017.
Francisco
Araújo Filho
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