segunda-feira, 31 de março de 2014

Poemas do livro "Folhedo" (Continuação)


 
 
 
 
 
 
 
 
Epitáfio para Salatiel


Cantou,
viveu...
Depois se foi
levado pelas mãos
de São Francisco,
para as profundezas
do sono eterno,
para a eternidade
de sua eterna alegria.

sábado, 8 de março de 2014


                        O Eterno Jardim

                       À memória do poeta Maurício de Oliveira Gomes*

Havia cultivado um imenso jardim de rosas vermelhas.
E todas as manhãs, com suas mãos delicadas,
mesmo feridas por espinhos, em árida terra, vinha cultivá-las.
Era um árduo labor este do poeta...
E, por tanto, todos que o viam trabalhar
sempre  achavam o poeta só, triste e solitário.
Depois vieram o tempo e as tempestades
e as mãos do cultivador ficaram trêmulas.
Um dia então (muitas Primaveras passadas),
cansado, o poeta reclinou a cabeça sobre uma lápide
(para descansar) e adormeceu.
Agora, todos os que passam pelos caminhos
ao verem as suas rosas assim dele ausentes
pensam que o poeta morreu.
Mas olhemos bem...
O poeta agora vive em suas rosas,
invisível, calmamente.
E é só por isso e com esta seiva
que as suas rosas vermelhas não morrem.
 
31.07.1993 
 
* Nascido no dia 11 de janeiro de 1914, Maurício de Oliveira Gomes, o "Poeta das Rosas Vermelhas", se ainda estivesse entre nós, estaria completando 100 anos. A "iniludível" (como diria Manuel Bandeira), chegou antes, em uma madrugada do dia 31 de julho de 1993. Fica aqui registrada, portanto, a nossa homenagem a esse pernambucano que fez de Penedo sua pátria, atuando ativamente em prol da cultura, da arte e da literatura.