domingo, 24 de fevereiro de 2008
















Despertação

A todos aqueles que se perderam pelas veredas

De repente, no meio da noite,
as paredes do seu quarto flutuam ilógicas sobre ele.
Ergue-se, e vaga solitário pelos seus escombros:
tudo é transparências e brumas,
tudo é incerto na sua terrível lucidez.
Procura algo sólido onde prender suas mãos invisíveis,
procura uma certeza que ao menos o engane,
procura sonhos, esperanças, quimeras...
Mas tudo é tão ilogicamente real nos devaneios
desta sua noite de insônia:
as ruas vazias-incertas erguem-se diante dele
terríveis como feras;
o rio, velho amigo, é de vinho, de planos
de fugas e de velas...
Não sabe se deve fugir, dormir e sonhar
ou se tudo é pesadelo e precisa acordar...
Não sabe se lhe dói mais
a lucidez ou a loucura.
Não sabe em qual delas está
sua cura...

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