domingo, 24 de fevereiro de 2008










 




Ruas e rios

Na rua noturna da minha cidade:
a lua sobre a rua azul de paralelepípedos incertos,
silêncio transpirando das lâmpadas sonolentas
de vapor de mercúrio;
as casas dormem numa ressonância surda

de cansaço humano,
e ao fundo, um rio velho embala as margens de seu passado
num passar interminável de recordações profundas.
Tristezas?
Não... Os velhos rios são eternamente felizes.
Só nas ruas noturnas (vistas de uma janela) há tristezas.
Só nas ruas que se prolongam como noites.
Só nas nossas ruas interiores:
das incertezas,
dos silêncios, das transpirações e sonolências,
dos vapores, dos mercúrios,
das ressonâncias dos rios velhos e dos cansaços humanos.

Mas, sempre amanhece (por uma fresta no telhado)
um outro mesmo Sol,
e então não há mais ruas noturnas:
depois do amanhecer
todas as ruas são como um rio velho...

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