segunda-feira, 7 de maio de 2007

Do livro "Ruas e rios" (continuação)












 


O gol

Quando a bola magicamente ultrapassou a linha,
e a multidão explodiu patética da platéia,
ele correu pelo campo como um menino
que trazia nos olhos e nas pernas a ilusão
— a camisa suada e suja a tremer no peito feliz.

Mas, eis que de repente
o estádio jaz vazio
— gigantescamente vazio...

Olhou para si,
e para o estádio vazio em volta dele:
estava só.
Seus companheiros corriam distantes e mesquinhos,
como se o gol fosse só dele
ou só deles.
Não havia ninguém para abraçá-lo:
estava só...
Então ele chorou,
como só uma criança choraria
— ou um grande homem também...

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