sábado, 27 de setembro de 2008

                 
              A velha encruzilhada

Foi uma vez,
(E não direi que sonhava:
No céu brilhavam estrelas
E o sol, sobre uma colina, pairava)
Havia dois caminhos:

“Vinde, sede medíocre!”
Falou-me aquele que trazia anéis nos dedos
E arrebanhava habilmente sua numerosa prole.
“Vinde, este é o caminho da maioria,
E aqui, ao menos, não vos faltará companhia.”
Não fui, e este seguia
Por um caminho sem espinhos...

“Vinde, sede nobre!”
Falou-me, por sua vez, aquele encanecido ancião,
De longas barbas, as vestes rotas...
“Vinde, este é o caminho da solidão
E a posteridade, quem sabe, nos espera.”
Não fui, e este seguia pelo caminho do incerto
Que conduzia às alturas ou a um abismo sem fundo.

Despertei, ou antes, adormeci...
E não fui por nenhum daqueles caminhos.
Sei apenas que a velha encruzilhada
Ainda está lá, e que me aguarda

Todos os dias.

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