domingo, 20 de janeiro de 2013

Poemas do livro "Folhedo" (Continuação)


                      Ruas de espuma

              Não, não tente me vender
              tuas palavras vazias.
              Não será meu o teu terno de alegoria
             - e isso bastaria
              para eu te dizer não.
              Mas eu tenho ainda a minha dor
              e a solidão;
              e o meu caminho de pedras é bem mais verdadeiro
              do que as tuas pontes vazias de ilusão;
              as minhas ruas concretas de espuma
              são bem mais belas do que o concreto das tuas...
              Eu sou um sonhador,
              eu sou um sonhador
              e terei a decepção...
              Mas não espere muito que eu me venda:
              eu posso morrer amanhã...
              Enquanto isso vou erguendo
              meus castelos de lã...
              Eu sou um sonhador,
              eu sou um sonhador (eu sei...).
             Mas não tente me vender
             tuas palavras vazias...
             Não será meu o teu terno de alegoria...

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