Ah,
Mar...
a
noite é tão breve...
e
são tantos, tantos, todos os poemas
que
ainda tenho que escrever.
Não
entendes, eu sei:
és
Mar,
e
os mares nada precisam saber.
Um
Mar é eterno,
tem
todas as noites e todos os versos
de
todos os tempos do mundo
–
e eu sou apenas um poeta que te olha e se perde
nas
ondas da busca tortuosa de uma inspiração.
Se
ao menos soubesse nadar...
me
jogaria nos braços macios de tuas águas de pele;
se
ao menos tu me deixasses dormir
no
teu colo morno de areia,
e
cantasses só pra mim uma canção de tuas ondas;
se
ao menos tu me desses as tuas mãos...
correríamos
de mãos dadas pelas ruas dessa noite
como
duas crianças,
e
voaríamos por estes céus como duas aves oceânicas...
Mas
és Mar,
a
noite breve
e
eu te olho poeta apenas.
Logo
a manhã chegará tristonha e fria
e
eu estou só...