segunda-feira, 6 de abril de 2015

 
Para Mar
 
Ah, Mar...
a noite é tão breve...
e são tantos, tantos, todos os poemas
que ainda tenho que escrever.
Não entendes, eu sei:
és Mar,
e os mares nada precisam saber.
Um Mar é eterno,
tem todas as noites e todos os versos
de todos os tempos do mundo
– e eu sou apenas um poeta que te olha e se perde
nas ondas da busca tortuosa de uma inspiração.
Se ao menos soubesse nadar...
me jogaria nos braços macios de tuas águas de pele;
se ao menos tu me deixasses dormir
no teu colo morno de areia,
e cantasses só pra mim uma canção de tuas ondas;
se ao menos tu me desses as tuas mãos...
correríamos de mãos dadas pelas ruas dessa noite
como duas crianças,
e voaríamos por estes céus como duas aves oceânicas...

Mas és Mar,
a noite breve
e eu te olho poeta apenas.
Logo a manhã chegará tristonha e fria
e eu estou só...  

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