sábado, 12 de janeiro de 2008



Fuga

Quando adormece em mim a consciência,
ela foge do quarto escuro dos meus sonhos
e vem flutuar sobre meus desejos mais antigos.
Tento tocá-la, e ela se desfaz:
dobra uma esquina e entra numa rua real,
onde ela é apenas mais um sonho.
Na manhã seguinte,
acordo com a dor de mais uma vez,
embora em sonho, tê-la perdido...
Para esquecer, vou andar pelas ruas diurnas da cidade:
dobro uma esquina e, de repente, vou encontrá-la
na mesma rua da noite passada.
Tento me aproximar (com a certeza que não estou sonhando):
ela sorri para mim, real, concreta, amável
— e dentro de mim se desfazem todos os planos,
todas as frases ensaiadas.
Ela se vai, linda, suavemente real,
e eu fico observando-a como se fosse
uma sombra informe, inatingível...
Eu que a tive tão próximo
volto para casa e vou dormir com a dor e com a culpa
de tê-la deixado des-fazer-se mais uma vez...

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