quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

 
Além da superfície
 
Sobre o rio velho,
dourado pela luz do sol poente,
frágil embarcação navega,
e dentro da sua rústica fragilidade
– um pescador tira sua sobrevivência
das entranhas do rio.

No mesmo rio (não nestas águas, mas em outras passadas),
ele tirava (menino que era) em outros tempos,
as delícias dos banhos de verão
– pescava sonhos...

Mas, passaram as águas do rio (como se fossem o tempo),
inevitavelmente em direção ao mar,
e levaram-lhes tiranas as delícias e a infância
– afogando os sonhos...

Hoje (velho como o rio), ele pesca sua realidade,
e há muito percebeu que quem do alto das pedras
a beleza do momento vê, nada disso sabe: o rio
é apenas um alegre e calmo velhinho dourado pelo sol
– e o pescador, quase um ponto invisível
na superfície do rio dos homens...

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