sexta-feira, 16 de novembro de 2007

 Longe do mar

Nas esquinas das ruas interiores,
existe sempre um anjo
e uma fera também;
velhos de plácidas barbas brancas
e jovens revolucionários.
Velhos como um rio já passado,
velhos cansados da luta com um mar só seu;
um mar sempre terrível e revolucionário,
como seus jovens filhos.
Filhos revolucionários de velhos pescadores
cansados da luta:
da luta com as feras das veredas ancestrais,
da luta com a placidez dos anjos templários.
Nas esquinas das ruas interiores,
há sempre um guerra e uma paz;
uma trégua precária consigo mesmo,
uma guerra terrível com os demais,
uma paz eterna e imutável
e um acenar inevitável de bandeiras rubras.
Nas esquinas das ruas interiores,
há o que existe em todas as ruas do mundo:
velhos, feras e revolucionários,
rios, templos e anjos plácidos,
lutas, tréguas e bandeiras vermelhas.
Nas esquinas das ruas interiores,
há sempre um poeta que fala de ruas
e alguém que vai à luta contra
o mundo, também.

2 comentários:

Anônimo disse...

Chico, escolhi fazer meu comentário aqui, pois esta é um dos seus textos que mais me emocionam.
Você não imagina minha satisfação ao encontrar um link para este seu blog: "o verso da pedra".
Bom saber que ainda temos vida inteligente (e não alienada) pulsando por essas bandas ribeirinhas. E que mesmo diante de tantas adversidades e de uma realidade tão pouco inspiradora, você tem conseguido divagar... e divulgar suas idéais e seus sentimentos em forma de poesia.
É realmente muito bom saber que
"Nas esquinas das ruas interiores,
[ainda] existe sempre um anjo
e uma fera também..."
um abraço fraterno
Mônica Costa

João disse...

Êta poeta bão, sô!
Faço minha as palavras de Mônica!