domingo, 28 de outubro de 2007



O Tempo, a Mosca, e a Teia

Uma Teia de aranha balança lentamente
Grudada entre uma parede e o fio de uma lâmpada
Balança com o vento em movimentos quase rítmicos
Arfando na ânsia de sair da inutilidade
Arfando na ânsia de capturar uma Mosca inexistente
Voa em círculos nos pensamentos circulares de um cara
Parado entre uma parede e uma rua
Balança com o vento numa imobilidade quase rítmica
Arfando na ânsia de fugir da inutilidade
Arfando na ânsia humana de capturar um sonho
Enquanto (isso), no silêncio do espaço
Vestido de luz e trevas, perambula o Tempo
A comer as moscas e a matar os sonhos
A romper os fios da Teia e os cabelos do cara
Encostado na parede anos após anos envelhecida
Como as outras paredes que constituem a rua
Cheias de caras que sonham, de moscas e de teias...
No decorrer de um rápido ou longo instante
O Tempo transformará os sonhos, a inutilidade e tudo isso
Em nada...
Tudo e todos em nada...

Mas sem perceber o Tempo a passar rapidamente
Continuamos encostados numa parede, diante de uma rua vazia
Pensando numa maneira de fugir da insignificância
Arfando na ânsia de realizar nossos sonhos humanos
Enquanto observamos uma Teia inutilmente grudada
Entre uma parede e o fio de uma lâmpada
Balança com o vento em movimentos quase rítmicos...

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