sábado, 26 de maio de 2007



Poema para um velho poeta

O velho poeta...
Vi-o uma vez
e havia caído,
dilacerando a pele e mais ainda
a sua velha alma de poeta.
Olhei bem dentro de seus olhos
— e dentro deles de sua velha alma de poeta
que morria.
Eu, que vez por outra
visto ainda essa fantasia, perguntei:
“Ainda escreves poesia?”
Escrevia.
E continuará a escrever
muitos anos ainda, pois
o Tempo
(esse diretor de cena)
seus cabelos embranquecera,
rasgara a fantasia da alma
daquele poeta que havia,
matará (por fim) o poeta
— mas também tecera
(na sua velha máquina de fazer rendas
de enredos e tormentas)
a fantasia
de outro que agora o lamenta.

13/04/92

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