sábado, 26 de abril de 2008

Do livro "Beco e labirinto" (continuação)


                   A lanterna

    Entanto, eis que
    em meio às trevas da urbe adormecida
    ele ainda vocifera, tristemente
    diante das sombras surdas.

    Clamando por Altos Propósitos,
    clamando por seu outro Mundo,
    nunca construído, sempre adiado.
    Persistindo, persistindo
    como um sol sem rumo.

    Por que, ó vozes maliciosas
    vultos imprudentes do passado,
    reacender neste peito frágil
    esta brasa inútil?
    Por que não consentir fenecer nele
    todos os sonhos, vossos nebulosos desígnios?
    Por que acenar com altas cumeadas
    se dele jazem presos os pés à planície
    daquilo que outros esperam que ele seja?

    Com a tua lanterna em punho,
    o que buscas no vagar das ruas ermas,
    ó insano pregoeiro?
    um Anjo, um Anjo...

Nenhum comentário: