sábado, 6 de dezembro de 2008


                       Nas ruínas

Por entre as paredes do velho casarão da Nilo Peçanha,
vagueiam as almas pobres dos operários;
voejam as cinzas da extinta chama de sonhos passados.
A alma do velho Antônio Pedro esgueira-se por uma fresta,
sua arte enorme a pesar-lhe como um fardo;
olha, às vezes, do velho sótão, a cidade mesquinha
que agora, mais do que nunca, não o vê.
Há também o eco das ladainhas dos católicos
que se ouve ainda nas noites de invernia,
quando o vento bate no muro morto.
O velho casarão da Nilo Peçanha ostenta ainda, lá no alto,
seus bustos, de um cego, de um velho surdo, de príncipes mudos,
que olham inutilmente tudo, e dizem, aos culpados transeuntes,
que aqui jaz um monumento, o túmulo, o testamento
de tudo que na cidade é morto.

12.09.93

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