terça-feira, 8 de janeiro de 2013

                       Bailarinos noturnos
Eles são bailarinos.
Executam seus silenciosos bailados
nas ruas vazias.
Não nas ruas vazias dos homens
(que são donos delas),
mas nas ruas que eles mesmo fazem
(tortas, sinuosas, sem atmosfera,
onde todos os corpos estão sempre
a cair infinitamente),
nas ruas que só eles veem,
nas ruas que mesmo vazias e tortas,
estão sempre cheias e certas e lindas
(lindas como só eles podem ver
dos homens as ruas vazias).
 
Não importa que bailar ninguém os veja,
que só a lua os observe:
eles bailam e flutuam na sua rua imaginária,
e são ebriamente felizes.
Não importa se amanhã a rua será
novamente dos homens:
eles dançam adormecidos e são felizes
nesse momento.
 
Que ninguém tente despertá-los.
(Por que, se nesse momento são felizes?).
Como a rua vazia, impassíveis, deixemos
                                                           [eles
- que é dos homens,
não dos bêbados, a realidade.

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