quinta-feira, 11 de agosto de 2016


Ego

Agora, leão encerrado em sua jaula de concreto,
sua covardia, dolorosamente, ele remói.
Ele, que da dor tem esquivado-se
(um pequeno corte o exaspera no dedo),
burlar a morte, enganar a vida, tentado.
Egoico, narcísico, ególatra, outros nomes
para o seu medo.
O medo que lhe nega a janela alta e aberta
(o seu belo corpo, depois de flutuante, partido,
na calçada, em mil farpas).

Frio como uma lâmina, uma lápide,
sonha então a sua fuga:
pisar o próximo como formigas,
matar, se preciso urge,
os seus objetivos escusos.

Ah, o impede sua passividade,
o delimita a ganância maior
do sistema, das outras engrenagens.
Assim, na solidão de sua jaula
ele remói, agora
sua covardia
ou sua impotência.

Nenhum comentário: