Das pedras em flor
para Francisco Araújo
Crescem suspiros de angélica
sob um luar de marfim.
Da torre do campanário
espiam mochos sisudos
o silêncio da cidade
serena no seu dormir.
E o cheiro branco, narcótico,
crescendo junto com a lua,
vai formando espessa névoa,
cantante bruma gelada.
Vai entrando pelos sonhos
dos poetas que já dormem,
vai entrando pelos versos
daqueles que ainda velam
poemas por acabar.
E o bronze do campanário,
tonto de tanto luar,
canta as pedras, canta o rio,
canta a rua de sobrados,
canta o Penedo inteirinho
numa canção perfumada
de lento amadrugadar.
*Alzira Freire
*poetisa penedense, é autora do livro Doce de vidro;
poema incluído no livro De flor e vento plena.
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