sábado, 14 de abril de 2007



Erosão

Ontem,
vinha um punhado de versos
como um bando macio de nuvens —
mas bateu-lhes a ventania...
E caíram, esparsos, como um punhado de letras,
como se fosse aquela chuva inútil que caía.
Ah, sempre a mesma luta de elementos,
sempre este mesmo incansável vento
a bater a delicadeza de encontro
ao mesmo muro torto de cimento.
Sempre este mesmo papel áspero
a tornar em calos
a mão que o acaricia...
Sempre, sempre este vento,
esta chuva,
a fazer a erosão,
a tornar árido-inútil o ser Poeta
e a encher de mais desertos
este Deserto de Ilusão.

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