domingo, 9 de dezembro de 2012

                                    Querobéns
                                                                     Para Márcia Andrade
       Diante do pálido frontão
       estes meninos brincam
       sua profana-singela-sórdida
       brincadeira:
       – Querubim, eu querobéns!
       – São meus, são meus, querubim!
       – São meus, são meus, querobéns!
 
       (E há ainda os escapulários
       a contabilidade, o lucro, a renda
       o marketing, o luxo, o concílio, o coro
       a obediência, o código, o ego, o armário
       a coroa, a mitra, a irmandade, a prenda
       o imposto, o dízimo o anel de... ouro
       o báculo, o refletor, a maquiagem, o halo).
 
       Enquanto isso
       no mais escuro dos cubículos,
       por trás do frontão, do átrio, do palco –
       Deus jaz esquecido:
       centro mudo do humano labirinto.

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