Veraneio
Quando
a vida me der uma folga
que
seja como um feriado, desses inadiáveis;
que
seja como um fim de semana prolongado,
sem
segunda-feira pra voltar pro batente,
voltar
às lutas vãs,
às
dúvidas e certezas (certas ou não);
que
seja só o silêncio,
o
enorme silêncio do vazio
e a
inconsciência de que tudo é silêncio;
que
seja só escuridão,
a morna escuridão para que eu durma
[profundamente
e a
inconsciência de que tudo é escuridão.
Que
ninguém me venha incomodar,
que
ninguém me venha com respostas, correções,
nem
sons e luzes e ações;
que
ninguém me venha com Deuses-Patrões,
cobrando
o que fiz ou deixei de fazer,
nem
com desnecessárias recompensas celestiais.
Que
ninguém me venha com estórias dos homens
que
famigerados ainda não tiraram férias.
Não
me importarão seus negócios monetários,
não
me importarão mais suas lutas,
não
me importarão mais suas descobertas futuras...
Que
ninguém me venha incomodar com essas coisas,
pois
não vou querer mais nada disso:
estarei
de folga permanente, eterna;
vou
querer apenas a inconsciência
e a inconsciência de estar inconsciente.