Pausa*
Pausa
silêncio em mim eu quero
uma trégua efêmera nessa vã batalha
Que importa se lá fora “eles” tecem
com finas teias, sua nova poesia?
Aqui por dentro sou solidão e abandono
sou minha redenção e minha própria agonia
Nessa noite-mais-uma
onde dentro de minutos os vampiros brancos
virão cobrar a lucidez
que nem mais sei se deveras tinha
eu, sofro a dor do cansaço
Cansaço infindo, cansaço insano
cansaço das dores-eletrochoques
cansaço de loucuras e luciduras
cansaços cansados de longas noites frias
Aqui nada mais quero
nem luta, nem glória
porque quase nada sou
sou apenas uma tênue e vã figura
o abandono e o esquecimento
dos que se deixaram lá fora.
* Poema assinado sob o pseudônimo João da Rocha.