Faces
Se ando
elas me
perseguem,
me
observam das esquinas, dos becos e das ruas;
contorcendo-se
moles em espantos
me
analisam, me cheiram,
me
tocam e me tateiam,
revolvem
calmas meus defeitos.
Se paro
no bar
da esquina do beco de uma rua,
para
tentar esquecê-las,
elas me
encaram
me
indagam e me cobram;
algumas,
flácidas, choram,
outras,
rígidas, me estranham;
advinham
e descobrem em mim
alegrias
e desesperos tamanhos
que
talvez tantos nem tenho.
Estou
farto de fisionomias
– de
faces, de rostos e de caras vazias,
de
faces perfeitas, felizes,
de
rostos limpinhos, dominicais,
de
caras falsas, amáveis.
Antes
houvesse somente a rigidez óssea,
ocular
de órbitas vazias;
a
alvura terrível que se esconde sob elas.
Antes
fossem todas as cabeças nuas, caveirentas
– que
mostrassem em detalhes as mazelas
e todas
as aterrorizantes verdades
cruas.