Iluminação
Acreditou,
como um louco.
Acreditou
nas boas intenções das revoluções,
na
honestidade das ideologias,
nos
bons propósitos dos literatos,
na
pureza das mulheres,
naquela
desinteressada Verdade dos filósofos,
e nos
poetas, ah sim, nos poetas...
Até
em Deus, este ser incerto e tão distante,
nas
suas noites de demência, contritamente, acreditou.
Não o
avisaram do Jogo.
Não
disseram que não era bem assim.
Não
disseram, não disseram, desgraçadamente.
E
ele, oh, como um louco, ingenuamente, fez disso tudo
a sua
Fé.
De
modo que ei-lo aqui, lúcido e desperto,
perdido
nesta encruzilhada.
Perdido
no mundo, perdido para o mundo, covardemente
[persistindo.
[persistindo.
Inútil,
sem rumo, sem nenhuma esperança, só, sem nada.
Sem a
coragem dos maus ou a grandeza dos santos...
E no
silêncio das madrugadas,
em
sua carruagem dourada,
só a
morte, envolta no seu negro manto,
tem
perpassado, constante, a acenar
com a
sua libertação-transmutação, absoluta.