Litanias de Sereia
Eu vi uma sereia.
Eu que tenho sido céptico,
racional, marxista e convicto...
eu, vi uma sereia.
E dela os cabelos eram longas tranças,
emergindo das ondas, seu torso nu
e sua cauda prateada recoberta de escamas...
Sim, eu vi uma sereia.
Eu que tenho sido abstêmio,
lúcido e irônico (com um pouco de ser triste)...
eu, vi uma sereia.
E ela tinha olhos verdes, ou tão lindos,
lindos de tal encanto que aquela noite toda sonhei
com belos gazofiláceos...
Eu vi uma sereia.
Eu que tenho sido frio (frio como o Ártico),
metódico, pragmático e absconso...
eu, vi uma sereia.
E os seios dela eram tão mimosos, porém
tão fartos, que neles adormeceria se os tocasse...
Ah, eu vi uma sereia.
Eu que tenho sido celibatário,
fugido das evianas artimanhas e das serpentes
de todos os ofidários...
eu, vi uma sereia.
E o seu canto era tão doce,
tão mais doce que todas as canções órficas
dos celacantos do Himalaia...
Desde então, tornei-me desumano.
Dei para andar desnudo,
flutuando por sobre os templos e os sobrados,
a dizer versos e a profetizar como um
certo santo italiano.
Desde então, abalou-se a minha credibilidade,
e os sólidos alicerces da minha cidade.
Porém sei que uma noite,
a sereia irá por fim embora
para as profundezas de um mar distante
onde repousa o seu castelo de encantos...
O que será de mim então, ó meus irmãos?
Eu que tive a fantasia,
que quase, com minhas asas rotas,
elevei-me para além da vida e da morte,
o que farei dessa realidade triste?
Tendo passado o tempo,
tenho passado sorumbático e sem encanto...
e apenas, nas noites ermas de invernia,
penso ouvir ao longe uma voz doce
vindo dizer que apenas sobrevivi ao naufrágio
ou que finalmente pereço.
Eu vi uma sereia.
Eu que tenho sido céptico,
racional, marxista e convicto...
eu, vi uma sereia.
E dela os cabelos eram longas tranças,
emergindo das ondas, seu torso nu
e sua cauda prateada recoberta de escamas...
Sim, eu vi uma sereia.
Eu que tenho sido abstêmio,
lúcido e irônico (com um pouco de ser triste)...
eu, vi uma sereia.
E ela tinha olhos verdes, ou tão lindos,
lindos de tal encanto que aquela noite toda sonhei
com belos gazofiláceos...
Eu vi uma sereia.
Eu que tenho sido frio (frio como o Ártico),
metódico, pragmático e absconso...
eu, vi uma sereia.
E os seios dela eram tão mimosos, porém
tão fartos, que neles adormeceria se os tocasse...
Ah, eu vi uma sereia.
Eu que tenho sido celibatário,
fugido das evianas artimanhas e das serpentes
de todos os ofidários...
eu, vi uma sereia.
E o seu canto era tão doce,
tão mais doce que todas as canções órficas
dos celacantos do Himalaia...
Desde então, tornei-me desumano.
Dei para andar desnudo,
flutuando por sobre os templos e os sobrados,
a dizer versos e a profetizar como um
certo santo italiano.
Desde então, abalou-se a minha credibilidade,
e os sólidos alicerces da minha cidade.
Porém sei que uma noite,
a sereia irá por fim embora
para as profundezas de um mar distante
onde repousa o seu castelo de encantos...
O que será de mim então, ó meus irmãos?
Eu que tive a fantasia,
que quase, com minhas asas rotas,
elevei-me para além da vida e da morte,
o que farei dessa realidade triste?
Tendo passado o tempo,
tenho passado sorumbático e sem encanto...
e apenas, nas noites ermas de invernia,
penso ouvir ao longe uma voz doce
vindo dizer que apenas sobrevivi ao naufrágio
ou que finalmente pereço.