Ego
Agora, leão encerrado em sua jaula de concreto,
sua
covardia, dolorosamente, ele remói.
Ele,
que da dor tem esquivado-se
(um
pequeno corte o exaspera no dedo),
burlar
a morte, enganar a vida, tentado.
Egoico,
narcísico, ególatra, outros nomes
para
o seu medo.
O
medo que lhe nega a janela alta e aberta
(o
seu belo corpo, depois de flutuante, partido,
na
calçada, em mil farpas).
Frio
como uma lâmina, uma lápide,
sonha
então a sua fuga:
pisar
o próximo como formigas,
matar,
se preciso urge,
os
seus objetivos escusos.
Ah,
o impede sua passividade,
o
delimita a ganância maior
do
sistema, das outras engrenagens.
Assim,
na solidão de sua jaula
ele
remói, agora
sua
covardia
ou sua impotência.
ou sua impotência.