Inteiro
Ser
inteiro.
Manter-se
íntegro.
Não
perder uma partícula do que és
–
este tem sido, bem sei, ó poeta, o teu idílio.
Mas,
por que esta persistência,
esta
utopia arduamente, dolorosamente
urdida,
ó louco das madrugadas?
Não
sabes que a morte, terrífica,
se
abaterá inevitável sobre ti;
e
que do teu corpo diluído e decomposto
nutrir-se-ão
as larvas?
Ah,
sei o teu segredo:
não
o teu corpo, mas o teu espírito
é
o que loucamente buscas preservar...
Saibas,
entanto, ó insano,
que
também o teu espírito
será
um dia partido em mil farpas.
E
serás tu que terás que fazê-lo
se
realmente pretendes tê-lo para sempre inteiro.
Para
que permaneças íntegro,
terás
que suprimi-lo
–
suprimi-lo, sim, completamente.
Tudo
tarda e ainda desconheces muitos mistérios...
Prepara,
pois, as tuas mãos calosas
para
este terrível e supremo instante.