O Eterno Jardim
À memória do
poeta Maurício de Oliveira Gomes*
Havia cultivado um imenso jardim de rosas
vermelhas.
E todas as manhãs, com suas mãos delicadas,
mesmo feridas por espinhos, em árida terra, vinha
cultivá-las.
Era um árduo labor este do poeta...
E, por tanto, todos que o viam trabalhar
sempre
achavam o poeta só, triste e solitário.
Depois vieram o tempo e as tempestades
e as mãos do cultivador ficaram trêmulas.
Um dia então (muitas Primaveras passadas),
cansado, o poeta reclinou a cabeça sobre uma
lápide
(para descansar) e adormeceu.
Agora, todos os que passam pelos caminhos
ao verem as suas rosas assim dele ausentes
pensam que o poeta morreu.
Mas olhemos bem...
O poeta agora vive em suas rosas,
invisível, calmamente.
E é só por isso e com esta seiva
que as suas rosas vermelhas não morrem.
31.07.1993
* Nascido no dia 11 de janeiro de 1914, Maurício de Oliveira Gomes, o "Poeta das Rosas Vermelhas", se ainda estivesse entre nós, estaria completando 100 anos. A "iniludível" (como diria Manuel Bandeira), chegou antes, em uma madrugada do dia 31 de julho de 1993. Fica aqui registrada, portanto, a nossa homenagem a esse pernambucano que fez de Penedo sua pátria, atuando ativamente em prol da cultura, da arte e da literatura.