segunda-feira, 10 de outubro de 2016































Uma história triste

O suicida
foi para o silêncio do seu quarto
despedir-se da vida.
Apontou serenamente a morte para o ouvido
e detonou, num jacto de sangue, consumou
seu desespero, sua fuga rumo ao desejado nada.

(No funeral falaram de sua covardia;
os que muito o amaram lamentaram a Deus
por ter condenado seus filhos à morte).

O suicida
despertou, entretanto, no outro mundo;
e ao constatar sua transcendência
– um outro mesmo mundo
que aguardava ávido sua angústia –
o suicida, amaldiçoou a Deus
por ter condenado seus filhos à vida.