Aqui, versos prontos para viagens várias, para navegantes ou para transeuntes que, do cais, podem vislumbrar a paisagem... Por que a poesia é o outro lado da aridez, tentativa da construção do sonho, mesmo a partir da adversidade; sonho colhido nas palavras dos mestres, empreendimento sempre a ser compartilhado com o outro. Podem içar as velas...
sábado, 9 de junho de 2007
Os vaga-lumes
O que brilhará numa noite assim,
se a escuridão, implacável,
despenca das alturas?
Quem cantará,
se o canto certamente irá morrer
na indiferença desértica da planura?
Numa noite assim,
os vaga-lumes, assim, os vaga-lumes,
ainda assim, brilham...
Com suas asas rotas,
elevam-se no ardor do sonho inefável
de sua sã loucura.
Os vaga-lumes vagam...
Com suas pálidas chamas
brilham...
(E ao brilharem assim
até parecem cantar).
Herdeiros da perdida glória
da distante claridão,
os vaga-lumes vagam...
Herdeiros pobres do era,
com suas tênues lâmpadas
a noite afrontam...
Procuram na miséria das trevas
migalhas do perdido brilho
do puro ouro da passada manhã...
Os vaga-lumes vagam...
Pobres indigentes,
afundam-se na escuridão
e ainda assim
brilham...
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