Aqui, versos prontos para viagens várias, para navegantes ou para transeuntes que, do cais, podem vislumbrar a paisagem... Por que a poesia é o outro lado da aridez, tentativa da construção do sonho, mesmo a partir da adversidade; sonho colhido nas palavras dos mestres, empreendimento sempre a ser compartilhado com o outro. Podem içar as velas...
quinta-feira, 7 de junho de 2007
413: fechado
Para Hildo Machado
Ontem,
na superfície da noite:
a lua,
damas noturnas nas calçadas,
um lavador dos mesmos carros sujos de sempre,
mulheres pernetas,
caolhas,
sifilíticas,
concretas,
imaginárias,
bem-amadas,
mal-amadas...
Tudo estava como sempre esteve...
Porque “nada muda”,
nada deve mudar “a harmonia da paisagem
tão plácida”...
Ontem,
nas profundezas da noite:
(olhando bem...)
algo havia mudado...
Havia uma janela que insistia em ficar
antiesteticamante fechada
(antes havia uma luz naquela janela...),
a noite estava mais escura,
sem lua,
e as damas noturnas,
o lavador de carros,
e as mulheres todas,
mais tristes.
E a cidade?
(ah, a velha cidade...)
in(ex)plicavelmente mais velha...
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