Aqui, versos prontos para viagens várias, para navegantes ou para transeuntes que, do cais, podem vislumbrar a paisagem... Por que a poesia é o outro lado da aridez, tentativa da construção do sonho, mesmo a partir da adversidade; sonho colhido nas palavras dos mestres, empreendimento sempre a ser compartilhado com o outro. Podem içar as velas...
sexta-feira, 2 de novembro de 2007
Do livro "Ruas e rios" (continuação)
Apolo Zero
um astronauta flutua pesadamente no espaço
move-se em câmera lenta
nadando no vácuo imenso
procura atingir uma nave
fixa e tão próxima que até parece
inatingivelmente distante
como a Terra lá embaixo
azul e girando lentamente
um homem desce uma rua
pesadamente vazia
flutua no vácuo imenso
procura atingir o nada
flutua e gira e anda
pela rua azul de luz
anda pela rua vazia
sua solidão é igual a do astronauta
flutua em câmera lenta
no espaço da rua vazia
que ouve o grito e o silêncio
que o homem traz por fora e por dentro de si
onde está a minha Terra azul de sonhos?
lá embaixo, girando lentamente?
onde está minha nave inatingível?
acordo sem respostas!
com as imagens esfriando nas retinas...
noites e noites tenho sonhado
com meus passeios noturnos por ruas vazias
e com um astronauta flutuando pesadamente no espaço
move-se, em câmera lenta
eu desço por uma rua vazia
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário