Aqui, versos prontos para viagens várias, para navegantes ou para transeuntes que, do cais, podem vislumbrar a paisagem... Por que a poesia é o outro lado da aridez, tentativa da construção do sonho, mesmo a partir da adversidade; sonho colhido nas palavras dos mestres, empreendimento sempre a ser compartilhado com o outro. Podem içar as velas...
quarta-feira, 11 de abril de 2007
Ultimus
Antes, acreditar na força das palavras.
Agora, buscar migalhas de versos
submersos em brumas, que o tempo conspira.
(Num futuro possível uma criança escutará,
e diremos: “Houve um tempo de poesia
que eu escrevia”...).
Ontem, acreditar na força do poema
(o verbo, uma chama transformando as linhas brancas).
Hoje, vislumbrar a possibilidade de vir a ser
mais um protótipo fracassado da utopia possível...
A poesia morre, está morrendo
(como uma chama...).
Algo morreu nas ruas e não vimos...
Perdemos os olhos num cansaço previsível.
Não vimos.
Ninguém viu.
Ninguém nunca vê.
Ninguém nunca ouve...
E os versos vão morrendo
(como uma chama...)
— e a cidade fria
cobrindo-se mais e mais de brumas.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário