Minha herdade
Oh, alva planura, minha herdade...
Parece-me terem dito:
– É isto o que lhe cabe.
Desde então tenho vagado por entre tuas farpas;
tentado nas noites ermas
encher de palavras teus quartos vazios;
com minhas mãos desnudas
buscado fazer germinar de tua aridez
flores, ramas de hera, qualquer coisa viva.
Herdade, herdade
eu te maldigo, eu te reverencio;
temo a solidão dos teus escombros,
as mil portas de teu labirinto de espinhos;
o frio noctívago de teus campos incultivados,
teu cheiro de coisas mortas, bolor de velhos
escaninhos.
Herdade sombria,
minha inutilidade;
preso em ti
vivo em ti, liberto;
meu tudo
meu nada,
sucessão árida
desta triste espera.
Oh, alva planura, minha herdade...
Parece-me terem dito:
– É isto o que lhe cabe.
Desde então tenho vagado por entre tuas farpas;
tentado nas noites ermas
encher de palavras teus quartos vazios;
com minhas mãos desnudas
buscado fazer germinar de tua aridez
flores, ramas de hera, qualquer coisa viva.
Herdade, herdade
eu te maldigo, eu te reverencio;
temo a solidão dos teus escombros,
as mil portas de teu labirinto de espinhos;
o frio noctívago de teus campos incultivados,
teu cheiro de coisas mortas, bolor de velhos
escaninhos.
Herdade sombria,
minha inutilidade;
preso em ti
vivo em ti, liberto;
meu tudo
meu nada,
sucessão árida
desta triste espera.
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