Terçã
Nós, os meninos
padecemos de grave doença:
essa febre de consertar o mundo.
Mas, que o nosso mal
não provoque a insânia dos sanitaristas:
a nossa febre tem cura,
e a cura é a inevitável calma, da velhice.
No mundo, abundam os casos dos recuperados,
são estes saudáveis velhos decrépitos-reacionários,
que num passado remotíssimo, tiveram todos os sintomas,
do mal, todos os males.
O tempo, porém, espera ainda.
Aproveitemos então nosso delírio,
com todos os devaneios,
com todos os suores noturnos,
com todas as insônias do mundo,
com todas as quedas e escoriações possíveis.
Breve estaremos também curados, calmos
imbecis, tranqüilos, saudáveis, reacionários.
A cura é inevitável e virá mesmo.
Enquanto isso, aproveitemos:
o mundo talvez não resultará melhor por conta disso,
mas tamanho espalhafato servirá talvez
ao menos, para a proliferação persistente do vírus
(já que esta febre boba pode contagiar
todos os impúberes, presentes e vindouros).
E assim, no futuro
quando a santa cura tiver por fim
em nós se instalado,
encontraremos um desses meninos contagiados,
que do alto de sua febre apontará
um dedo duro para a nossa cara reacionária,
e dirá, bem revoltado:
— Vós, que no passado quisestes consertar o mundo,
não passais hoje de um velho imbecil,
decrépito e reacionário.
Nós, os meninos
padecemos de grave doença:
essa febre de consertar o mundo.
Mas, que o nosso mal
não provoque a insânia dos sanitaristas:
a nossa febre tem cura,
e a cura é a inevitável calma, da velhice.
No mundo, abundam os casos dos recuperados,
são estes saudáveis velhos decrépitos-reacionários,
que num passado remotíssimo, tiveram todos os sintomas,
do mal, todos os males.
O tempo, porém, espera ainda.
Aproveitemos então nosso delírio,
com todos os devaneios,
com todos os suores noturnos,
com todas as insônias do mundo,
com todas as quedas e escoriações possíveis.
Breve estaremos também curados, calmos
imbecis, tranqüilos, saudáveis, reacionários.
A cura é inevitável e virá mesmo.
Enquanto isso, aproveitemos:
o mundo talvez não resultará melhor por conta disso,
mas tamanho espalhafato servirá talvez
ao menos, para a proliferação persistente do vírus
(já que esta febre boba pode contagiar
todos os impúberes, presentes e vindouros).
E assim, no futuro
quando a santa cura tiver por fim
em nós se instalado,
encontraremos um desses meninos contagiados,
que do alto de sua febre apontará
um dedo duro para a nossa cara reacionária,
e dirá, bem revoltado:
— Vós, que no passado quisestes consertar o mundo,
não passais hoje de um velho imbecil,
decrépito e reacionário.
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