Na escória noturna
Na noite da velha cidade,
um ébrio desce uma rua torta;
e entre um tombo e uma poça,
o ébrio, do fundo de sua lucidez
alcoólica, vê a cidade desmanchar-se.
Dos sobrados mais altos caem rebocos,
grades enferrujam, o Passado envergonha-se...
O ébrio, que na paisagem cumpre apenas
o seu risível papel de ébrio transeunte,
interrompe, apesar do sono e da insônia,
o seu torto caminhar, e indaga
antes do providencial vômito:
– Onde estão os donos destas casas,
que dormem ainda, ante a iminência caótica?!
Mas a cidade é silêncio...
os donos das casas altas dormem
ausentados, enquanto, próximo ao ébrio,
dentro, a cidade cai, e morre...
O ébrio, sem respostas, segue o seu caminho
melancólico, afunda-se na noite e se dissipa,
enquanto na escória noturna, esquecido
sob uma marquise decadente, um mendigo,
desperto pela indagação do pobre bêbado
passante, ergue a cabeça, em meio às ruínas,
segue, com o olhar, a solidão do outro,
que acaba de tombar numa esquina.
Na noite da velha cidade,
um ébrio desce uma rua torta;
e entre um tombo e uma poça,
o ébrio, do fundo de sua lucidez
alcoólica, vê a cidade desmanchar-se.
Dos sobrados mais altos caem rebocos,
grades enferrujam, o Passado envergonha-se...
O ébrio, que na paisagem cumpre apenas
o seu risível papel de ébrio transeunte,
interrompe, apesar do sono e da insônia,
o seu torto caminhar, e indaga
antes do providencial vômito:
– Onde estão os donos destas casas,
que dormem ainda, ante a iminência caótica?!
Mas a cidade é silêncio...
os donos das casas altas dormem
ausentados, enquanto, próximo ao ébrio,
dentro, a cidade cai, e morre...
O ébrio, sem respostas, segue o seu caminho
melancólico, afunda-se na noite e se dissipa,
enquanto na escória noturna, esquecido
sob uma marquise decadente, um mendigo,
desperto pela indagação do pobre bêbado
passante, ergue a cabeça, em meio às ruínas,
segue, com o olhar, a solidão do outro,
que acaba de tombar numa esquina.
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